No Brasil, mais de uma startup foi criada por dia em 2020, mesmo durante a pandemia da Covid 19.
O dado integra o Radar Agtech Brasil edição 2020-2021, lançado dia 28 de maio em evento virtual.
O radar é um mapeamento de startups brasileiras que atuam no setor agropecuário — as chamadas agtechs — e que foram analisadas nos últimos meses quanto a sua distribuição geográfica, websites e contatos, segmento de atuação e categoria (antes, dentro e depois da fazenda), resultando na identificação de 1.574 agtechs.
O estudo foi realizado pela Embrapa em parceria com a SP Ventures e a Homo Ludens Research and Consulting e com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e mostra que o número de empreendimentos ativos no País aumentou em 40% se comparado ao ano de 2019.
O Presidente da Embrapa, Celso Moretti, comemorou esse crescimento e destacou a contribuição da pesquisa agropecuária e da inovação para o resultado.
“A importância dessa parceria das agtechs com as instituições de pesquisa, universidades e setor produtivo, e podemos avançar ainda mais nessa interação, contribuindo com mais desenvolvimento, competitividade e maior sustentabilidade para o Agro brasileiro”, disse.
Já Francisco Jardim, sócio fundador da SP Ventures, lembrou que os números apresentados no Radar não nos surpreendem, devido a pujança empreendedora do setor Agro brasileiro nos últimos anos.
“Mesmo em um momento de enormes desafios e de crise econômica, como em 2020, o período foi muito fértil no País para o empreendedorismo e a inovação, mostrando que é possível manter nosso protagonismo para as próximas décadas”.
Jardim também reforçou que o estudo nasceu como um mapeamento, mas que hoje representa um mecanismo de transparência e contabilidade do empreendedorismo de alto impacto no Brasil.
A nova edição do Radar Agtech Brasil aperfeiçoou seus métodos e buscou mais fontes de dados, o que permitiu acompanhar a evolução do ecossistema de inovação no último biênio e obter, com maior precisão, o detalhamento das atividades de investimento em agtechs.
O estudo também identificou o cenário de investimentos feitos nesse setor, e as 78 instituições que apoiaram com incubação, aceleração ou investimento, proporcionando aportes financeiros e/ou de gestão para 223 empresas de base tecnológica que atuam no Agro brasileiro.
Perfil das startups do Agro
O que tem atraído mais investidores são as agrofintechs e categorias de equipamentos, como drones, como explica Murilo Vallota da SP Ventures (Imagem: Pixabay)
Das 1.574 agtechs validadas, analisadas e classificadas no estudo, 199 startups desenvolvem soluções digitais para atender demandas das cadeias produtivas na etapa antes da fazenda, 657 desenvolvem inovações para dentro da fazenda e 718 trabalham com tecnologias para a fase depois da fazenda.
A maioria dessas startups atuam nas seguintes áreas: alimentos inovadores e novas tendências alimentares (substituição de ingredientes e alimentos mais nutritivos), sistemas para a gestão da propriedade rural (plataformas on-line, dispositivos de gestão), plataformas integradoras de sistemas e soluções de dados, marketplace e plataforma de venda de produtos agropecuários, drones e máquinas, sensoriamento remoto e monitoramento de imagens.
O setor de foodtechs, por exemplo, tem grande destaque para o empreendedorismo agropecuário, principalmente na categoria Alimentos inovadores e novas tendências alimentares, que representa quase 20% do total de startups mapeadas, e tem muito empreendedor criando negócios nessa categoria, mas ainda é um campo difícil de conseguir investimento.
O que tem atraído mais investidores são as agrofintechs e categorias de equipamentos, como drones, como explica Murilo Vallota da SP Ventures.
O relatório aponta também a distribuição das startups por região, sendo que a maioria, 48%, está localizada na região Sudeste (983); seguido do Sul (397); Centro-Oeste (94); Nordeste (72) e, por fim, região Norte (26).
O panorama da distribuição setorial e geográfica indica que o fortalecimento do ecossistema das agtechs é baseado na consolidação dos principais centros de inovação como polos de startups, mas o estudo também identificou a migração dessas startups outras regiões, com destaques para o Centro-Oeste e Nordeste, além da presença de agtechs em quase todas as cidades do País.
Radar Agtech Brasil
A equipe coordenadora do estudo já trabalha na perspectiva dos dados a serem levantados para a próxima edição do Radar, quando pretendem analisar os impactos ESG (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian) Trata-se do mais completo e amplo mapeamento das startups que operam no agronegócio em segmentos antes, durante e depois da fazenda, e nas mais diversas cadeias produtivas e seus elos.
O objetivo do estudo é dar maior visibilidade às agtechs, e, de acordo com o secretário de Inovação e Negócios da Embrapa, Raul Rosinha: atuar como fonte para pesquisas e criação de políticas públicas, apoiar a tomada de decisões em diversas esferas do ecossistema, promover o setor de agfoodtechs no mercado internacional, atrair novos investidores e novas parcerias entre os empreendedores, bem como a adoção de soluções tecnológicas.
A edição 2020-2021 também conta com um resumo em inglês, que ressalta os principais resultados do mapeamento, com o perfil das agtechs e informações sobre os principais investidores dessas startups.
A equipe coordenadora do estudo já trabalha na perspectiva dos dados a serem levantados para a próxima edição do Radar, quando pretendem analisar os impactos ESG (Ambiental, Social e Governança, sigla em inglês) que são gerados pelas empresas, tanto no âmbito socioambiental,
quanto da gestão do negócio.
Nesta perspectiva, o Radar Agtech Brasil está aberto a parcerias com novas instituições, visando contribuir continuamente com o desenvolvimento do ecossistema de inovação.
Fonte: UDOP
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