Para adotar o modelo, as empresas precisam ter estratégia clara, fomentar conexões e implantar a cultura da inovação

Não é nenhuma novidade que a estratégia competitiva das empresas está diretamente relacionada à sua capacidade de inovar e de responder ao mercado. Mas com o mundo cada vez mais digital, a velocidade com que essas inovações chegam no dia a dia das pessoas passou a ser o principal diferencial das organizações, que viram na inovação aberta um caminho possível para o crescimento sustentável.

Diferente dos modelos tradicionais, que olham para o processo de forma verticalizada e incorporada à estrutura do negócio, a inovação aberta insere a empresa em um ecossistema que potencializa sua capacidade de criação por meio do intercâmbio de ideias, tecnologias, metodologias e know-how.

Os ganhos mais evidentes para os negócios estão na redução do tempo entre desenvolvimento e comercialização (time-to-market), e no compartilhamento dos custos e dos riscos. Além disso, a inovação aberta é um instrumento muito valioso para antecipar tendências e acompanhar o desenvolvimento de tecnologias e novos modelos de negócio em todo o mundo.

Mas como a inovação aberta funciona na prática?

A cultura organizacional tem um grande impacto na sua adoção e está diretamente ligada ao engajamento das equipes e da alta liderança. Em minha experiência aqui na Alelo, tive a oportunidade de ver o DNA inovador da companhia se materializar em uma forte cultura de inovação que, aliada ao processo de transformação digital, deu condições às nossas pessoas de olhar para os problemas já conhecidos com mais criatividade, agilidade, clareza e conexão com os nossos propósitos.

Na prática, a inovação aberta cria oportunidades de negócios entre startups e a Alelo por meio de interações diárias do LAB, uma área transversal, com os ecossistemas de inovação a partir de um olhar 360º, capaz de mapear oportunidades que fortaleçam a nossa tagline, inteligência que conecta pessoas e negócios.

Quando você tem uma política bem estabelecida, uma prática madura de inovação aberta, você cria condições para que os times de inovação e negócios consigam respirar outros ares e se conectar com empreendedores que estão fazendo coisas incríveis fora das quatro paredes da empresa.

Aliás, são os ecossistemas que viabilizam esse processo, pois é neles que acontecem as conexões de pessoas e ideias, mas também de clientes, capital e tecnologia para tirar os projetos do papel. Na Alelo, por exemplo, as parcerias com a InovaBra, a PlugandPlay e, mais recentemente, com a 100 Open Startups fortalecem nossa agenda de inovação aberta.

Apesar de ser um grande entusiasta desse modelo, acredito que não exista uma fórmula mágica a ser seguida: as empresas devem avaliar as necessidades dos seus clientes e entender qual a melhor forma de atendê-las. Mas minha experiência nas várias pontas desse sistema rendeu alguns aprendizados, que compartilho aqui com quem pretende adotar um modelo de inovação aberta na sua empresa:

  1. Tenha uma estratégia clara sobre como fazer essa transição e trabalhe na multiplicação dessa mentalidade dentro da empresa;
  2. Fomente conexões com ecossistemas e parceiros estratégicos;
  3. Crie proximidade com as áreas de desenvolvimento de produtos para conectar soluções futuras às ofertas disponíveis no presente;
  4. Envolva diferentes times nos processos com startups para fomentar a cultura e divulgar o modelo, incentivando assim, novas parcerias como uma estratégia relevante para o desenvolvimento de produtos e negócios.

Mais do que nunca ninguém faz nada sozinho, e as empresas dispostas a compartilhar seus conhecimentos desfrutam de um ganho de escopo e escala que as permite realizar inovações mais significativas na vida das pessoas e mais transformadoras para os negócios.

Por Márcio Alencar – diretor de estratégia digital, marketing e negócios da Alelo

Fonte: Exame