Enquanto Brasil registra 14,8 milhões de desempregados, área de TI não consegue preencher vagas por falta de profissionais

Quase ao mesmo tempo em que o Brasil registrava 14,8 milhões de desempregados segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de tecnologia via um aumento de 178% no número de vagas abertas. No setor, ao contrário do restante do país, sobram vagas, mas faltam profissionais. 

A área, —aquecida desde o começo da pandemia de Covid-19 por conta da aceleração da digitalização nas empresas—, ficou ainda mais quente em 2021, com as empresas mudando a forma de contratação e até mesmo os requisitos para facilitar a contratação de um profissional.

Segundo uma pesquisa da plataforma de recrutamento GeekHunter, enviada com exclusividade ao CNN Brasil Business, muitas companhias decidiram focar em perfis menos experientes para conseguir fechar as posições em aberto. O levantamento mostra que, no primeiro semestre, houve um aumento de 344% nas oportunidades para profissionais plenos (com experiência de dois a seis anos no setor) e de 173% para juniores, com até dois anos de carreira.

As vagas para desenvolvedores mais experientes, com mais de seis anos de carreira, que eram o maior foco em 2020, tiveram um aumento menor, de 131%.

“O mercado tem a oferta e a demanda totalmente desbalanceada em relação a outras áreas. Geralmente o que vemos são muitos candidatos para poucas vagas, então, quem tem o poder de decisão é a empresa. Mas no mercado de tecnologia é o oposto”, afirma Tomás Ferrari, CEO e fundador da GeekHunter. “Todas as empresas estão competindo por esse profissional, e a disparidade só vai aumentar, o que faz com que elas busquem por alternativas”, explica. 

O foco em perfis juniores, então, acontece também para formação de futuros programadores plenos, segundo Ferrari. Uma opção que pode ajudar a curto e médio prazo quando se considera que o Brasil tem um grande déficit na formação de profissionais de TI.

Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), o Brasil forma 46 mil pessoas com perfil tecnológico por ano. E a estimativa para o futuro não é boa: até 2024 serão necessários 420 mil profissionais na área. Um número que parece distante. 

“Uma tendência muito grande do mercado é a abertura para profissionais que não necessariamente tem uma graduação por trás da formação deles, mas vale uma ressalva: ainda assim não é um profissional com zero conhecimento”, diz. Para Ferrari, isso tem sido bem aceito pelas companhias porque “a formação de profissionais em tecnologia ainda é pequena perto do que é necessário”. 

Na everis, consultoria multinacional de negócios e tecnologia da informação (TI), que tem, no momento, 800 vagas abertas para programadores, está entre os que ainda buscam mais profissionais com senioridade e tempo de carreira. 

“Hoje existe uma demanda muito forte para profissionais que já trazem experiencias mais técnicas, mas também focamos em formar pessoas. Claro que atacamos todos os lados, mas existe uma demanda significativa por programadores com mais experiência”, afirma Tatiana Porto, diretora de Recursos Humanos da everis.

Embora uma parte das vagas seja voltada para substituir profissionais que deixaram a empresa, a maioria delas ainda é de novas posições no mercado, diz Porto. “A quantidade de cargos está mais focada na demanda, na transformação digital, que é uma necessidade hoje, do que só uma questão de reposição profissional”, diz. 

Das posições abertas para trabalhar na everis, 460 vagas para os escritórios de São Paulo e Rio de Janeiro e outras 340 para os centros de Florianópolis, Blumenau, Curitiba, Brasília, Recife, Goiânia e Uberlândia —mas as vagas podem ser preenchidas por profissionais de todos os lugares do país.

 

Conteúdo: CNN BRASIL