O estudo “Latin American Digital Transformation Report 2021”, do fundo de investimentos Atlantico, mostra como tem sido o processo de transformação digital na América Latina nos últimos anos. Para Julio Vasconcellos, sócio-operador do Atlantico, o Brasil trilha o mesmo caminho feito por EUA e China há uma década.

O valor de mercado das empresas de tecnologia na região foi de 0,9% para 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2015 e 2019. Em 2020, atingiu 2,3%. Já em agosto de 2021 chegou a 3,4%. E é o Brasil que está na frente na região: em 2020, a participação dessas companhias no PIB nacional foi de 2,8%. Em 2021, deve chegar a 4,5%.

Vasconcellos aponta que esse movimento no país se deu nos últimos três anos — e que o impulso foi ainda maior durante a pandemia. “Isso dá ao Brasil uma curva de transformação digital com formato similar ao visto nos EUA há 15 anos e na China há 10 anos.”

Para ele, o Brasil deve atingir pelo menos o patamar percentual visto na Índia — que já é o triplo do brasileiro. Depois, deve buscar uma porcentagem parecida com a da China. “Só é preciso lembrar que, enquanto nós ampliamos a participação das nossas empresas de tecnologia, a China também deve ir ultrapassando seus 30%.”

 

Oferta inicial pública de ações

Os unicórnios, startups que valem ao menos US$ 1 bilhão, na América Latina aumentaram de quatro para nove entre 2015 e 2019. Em 2020, o número chegou a 18. Até agosto de 2021, já eram 26. Ao mesmo tempo, o valor de mercado dessas empresas passou de US$ 35 bilhões para US$ 105 bilhões entre 2019 e 2021.

Em breve, boa parte desses unicórnios deve passar a figurar na bolsa de valores. “Todas as empresas na lista têm conversas recorrentes sobre oferta inicial pública de ações (IPO) e a maioria se prepara para fazê-la em três ou quatro anos”, afirma Vasconcellos. Ele diz que, nos próximos 18 meses, é provável que haja o dobro ou o triplo de IPOs em comparação com os últimos 18 meses.

Dados da Bloomberg apontam que, até agosto de 2021, os IPOs de companhias brasileiras obtiveram mais de R$ 57 bilhões. O recorde anterior, de R$ 53,6 bilhões, era de 2007.

E-commerce, bancos e afins

Entre os setores que mais cresceram desde a chegada da covid-19 estão os bancos digitais e o comércio eletrônico. Enquanto 42% dos brasileiros já têm conta em um banco digital, 13 milhões de novos consumidores aderiram ao comércio online em 2020 — um crescimento de 29% em relação a 2019.

Segmentos complementares acompanham essa dinâmica. Para amparar o e-commerce, por exemplo, as áreas de logística e pagamento também se aprimoraram. Um bom exemplo, segundo Vasconcellos, são as entregas de supermercado, um setor historicamente pouco relevante no e-commerce que agora cresce bastante.

Fonte: CanalTech