Os homens ocupam 67% dos cargos de gerência e diretoria, enquanto 33% das mulheres alcançam as hierarquias mais altas

O pioneirismo da matemática britânica Ada Lovelace, que formulou, no século 19, o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, não atravessou o tempo. Levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) mostra que no ano passado o setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) empregava no Brasil 867 mil pessoas, sendo 547,3 mil, ou 63,1%, homens e apenas 319,8 mil, ou 36,9%, mulheres.

A baixa participação de mulheres no setor ocorre quando a própria Brasscom estima, em estudo divulgado no início do mês, que a digitalização da economia demandará 797 mil vagas para profissionais de TIC no Brasil até 2025.

Dentro do setor ainda há mais disparidades. Os homens ocupam 67% dos cargos de gerência e diretoria, enquanto 33% das mulheres alcançam as hierarquias mais altas. Já no departamento de tecnologia da informação, pesquisa e desenvolvimento e engenharia, que abrangem justamente as vagas com potencial de crescimento e maior remuneração, os homens ocupam 80% dos postos, sobrando às mulheres os 20%. A desigualdade no setor é amenizada por funções de menor valor agregado. Elas são maioria na área de recursos humanos, financeiro e administração (62% a 38%).

O presidente da Brasscom, Sérgio Paulo Gallindo, diz que a desigualdade de gênero é um problema ético para o setor, além de prejudicar o resultado das empresas. “A diversidade é um grande estimulador da inovação”, afirmou. “Tem poucas mulheres na área, e menos ainda mulheres negras”, complementou.

De acordo com levantamento da entidade, 56,6% das mulheres no setor são brancas; 26,4%, pardas; 4,1%, negras; 1,1%, asiáticas; 0,1%, indígenas; e 11,7% são não classificadas. Entre os homens, a proporção é muito parecida.

“Problemas sócio-culturais e psicológicos levam a esse perfil não condizente ao extrato social brasileiro. Não tem nada que imp

Não tem nada que implique uma não aptidão das mulheres para trabalhar com tecnologia. O grande desafio é quebrar os interditos sociais e despertar o interesse”, afirmou Gallindo.

Fonte: Valor Econômico