O ano de 2021 foi marcado por desafios no campo profissional: apesar do avanço da vacinação e pontapé da retomada da economia, o mercado de trabalho geralmente é o último a se recuperar. A taxa de desemprego recuou de 13,4% para 12,6% em novembro, mas o patamar representa mais de 13,4 milhões de pessoas em busca de recolocação.

A economia tenta se recuperar do tombo de 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve um recuo discreto, de 0,1% no terceiro trimestre de 2021 na comparação com o segundo trimestre deste ano, o que representa o segundo trimestre consecutivo de estabilidade. Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, chegou a R$ 2,2 trilhões.

“Em termos de mercado de trabalho 2021 foi de início de retomada, ainda muito complexo. O avanço da vacinação e e a flexibilização das medidas de restrição sem dúvidas ajudaram na recuperação da atividade econômica de maneira geral”, avalia Leonardo Berto, gerente de recrutamento da Robert Half.

Lucas Thomaz, gerente da consultoria Korn Ferry, acrescenta que alguns setores foram destaque em 2021, mas a pandemia ainda atrapalhando o pleno funcionamento da atividade econômica ainda é realidade. “Estamos falando de setores como tecnologia, agronegócio e saúde, que foram muito bem neste ano”, diz.

Já 2022 pode ser o ano de consolidação dessa retomada, segundo Berto, com um mercado de trabalho mais aquecido. Ele entende que em 2021 passou um processo de desengavetamento de projetos. “Assim, para 2022 podemos esperar que posições que foram desligadas devido à pandemia sejam retomadas, especialmente contratações para vagas relacionadas ao crescimento da empresa, profissionais que ajudem na geração de receita de diversas formas e ângulos”, diz.

Por isso, ele acredita que os destaques ficam com posições de vendas e marketing para captar e reter clientes, tecnologia considerando a parte de ciência de dados, áreas mais técnicas como engenharia e suas aplicações no negócio, finanças e contabilidade para manter a empresa nos trilhos em relação às contas e recursos humanos na gestão de talentos.

Rebeca Toyama, especialista em estratégia de carreira, pondera que 2022, no entanto, pode se mostrar um ano também desafiador em termos de oportunidades.

“Podemos esperar volatilidade diante das eleições e o cenário político, bem como devemos ficar alertas com a reincidência de novos casos de coronavírus. Somado a isso temos desemprego e endividamento em patamares altos. São questões que podem impactar a atividade econômica e o mercado de trabalho como consequência”.

Outro fator que pode mexer com o mercado de trabalho em 2022, segundo Rebeca, é o retorno ao trabalho.

“A possibilidade do trabalho remoto ou do modelo híbrido vem mexendo muitas cadeiras. Algumas pessoas não querem voltar ao formato 100% presencial e estão procurando novas vagas; do outro lado algumas não querem o home office e pretendem algo ao menos híbrido. Não sabemos ainda qual grupo é maior, mas podemos esperar movimentações forçadas ou não no mercado considerando essa variante”, avalia.

O modelo híbrido, embora ainda não seja regulado no Brasil, parece ser a preferência da maioria dos funcionários, de acordo com um estudo da consultoria global de RH Adecco. Cerca de 70% dos entrevistados no estudo preferem o modelo híbrido.

“A pandemia trouxe transformações em diversos níveis e que reflete em todas as áreas da nossa vida. No mercado de trabalho não vai ser diferente. Estamos passando por um período não-linear: tudo está em constante mudança e quem souber se adaptar rapidamente e manter uma capacidade de aprendizagem vai conseguir surfar neste novo momento”, acrescenta Thomaz.

Tecnologia

O setor de tecnologia, como no ano passado, é unamidade entre os especialistas em termos de oferta de vagas. “É um setor que segue muito aquecido que está demandando muito profissionais”, diz Rebeca.

“Porém, é um setor que enfrenta muito desafio em encontrar a mão-de-obra qualificada, é um conhecimento específico. Quem tem a expertise entra na lista de profissionais disputados e bem pagos, incluindo bons pacotes de benefícios, diante da falta de oferta”, acrescenta Berto.

Desenvolvedores mobile, arquitetos de softwares, cientistas de dados, analistas de segurança da informação e profissionais que saibam de infraestrutura de nuvem foram mencionados pelos especialistas.

“Temos milhões de pessoas desempregadas, mas que não se encaixam nas habilidades requeridas neste setor. É um desafio, mas também uma oportunidade para alguns profissionais que podem se requalificar em algumas das áreas de tecnologia”, sugere Berto.

Veja os salários das profissões em destaque:

O estudo também traz alguns cargos de liderança do setor.

Chief Information Officer (CIO), ou chefe de tecnologia da informação, por exemplo, pode ganhar por mês entre R$ R$ 28.550, se for um profissional no início da liderança executiva, até R$ 47.800, se for um profissional mais experiente. O Chief Technology Officer (CTO), ou diretor de tecnologia, posição mais conhecida, pode ter salários entre R$ 27.550 até R$ 46.150.

Ainda, o Chief Security Officer (CSO), ou chefe de segurança da informação, pode ganhar entre R$ 24.650 e  R$ 41.350, com mais experiência.

 

Fonte: Infomoney